Após dois dias de disputa e um lay day em Grumari, Liga Mundial de Surfe também pensa em fator comercial para levar etapa brasileira do Tour para o pico na Barra
A Praia de Grumari fica em uma bela e afastada reserva ecológica, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ter o prazer de desfrutar manhãs e tardes seguidas no local lá é o sonho de muita gente, mas não dos surfistas da elite do esporte. Apesar do lindo cenário do pico, as ondas balançadas e a distância de 25km do hotel em que eles estão hospedados no início da Barra até Grumari fazem com que o seleto grupo de atletas celebre bastante a mudança, a partir deste sábado, com chamada às 6h30 (de Brasília), do palco da etapa brasileira do Circuito Mundial da isolada praia para o Postinho, na Barra da Tijuca. Também pesaram a favor da troca a possibilidade de receber um público muito maior – no ano passado foram 100 mil pessoas ao longo de cinco dias – e o acesso facilitado por transporte público. Para que ocorra a reviravolta, anunciada na manhã de quinta-feira, logo após ser decretado o primeiro dia sem baterias na etapa brasileira do Circuito Mundial deste ano, a Liga Mundial de Surfe (WSL) precisou também dar folga aos competidores nesta sexta-feira – isso ocorrerá, porque parte da estrutura de Grumari, em especial o sistema eletrônico de notas e de transmissão, precisará de pouco mais de 24h para ser transportada e instalada na Barra. Vale lembrar que o Postinho era o palco principal do evento, mas a ressaca do mar nas últimas semanas destruiu parte do palanque, fazendo com que Grumari, então sede secundária, fosse "promovida" pela WSL. O espaço foi remodelado, em tamanho menor, para que seja utilizado.
- A onda do Postinho é muito melhor do que a de Grumari. Essa onda de Grumari é muito balançada e não está quebrando bem nestes dias. Isso dificulta as manobras, ainda mais quando o mar está pequeno. Todos os surfistas preferem o Postinho - comentou o paulista Caio Ibelli, atual sexto colocado do ranking da temporada de 2016.
O Rio Pro de 2015, no Postinho, recebeu mais de 100 mil pessoas, recorde no surfe
(Foto: Divulgação/WSL)
Quando a disputa masculina for reiniciada, o atual campeão mundial,
Adriano de Souza, o Mineirinho, vai abrir os trabalhos na repescagem
(segunda fase) encarando o convidado baiano Bino Lopes, atual campeão
brasileiro. Na sequência, o líder do ranking, o australiano Matt
Wilkinson, terá pela frente o paulista convidado Deivid Silva. Outro
figurão que tentará passar pela peneira do round 2 é Gabriel Medina,
campeão mundial de 2014, que está escalado para a bateria 4 contra o
também paulista Alex Ribeiro. Outros quatro brasileiros estarão em ação
na repescagem: Wiggolly Dantas, Miguel Pupo, Caio Ibelli e Jadson André.Desde terça-feira, quando aconteceu o primeiro dia do Rio Pro, os brasileiros e estrangeiros começaram a encontrar pontos desfavoráveis na ida diária para Grumari. O principal deles foi evidenciado na quinta-feira, quando não houve competição. Eles foram liberados às 10h30, horário já considerado tarde para ir fazer o treino matinal em outra praia carioca com melhores ondas.
- Todos os atletas estavam querendo que role lá no Postinho, os brasileiros e os gringos. A gente conversou bastante sobre isso. A caminhada é longa até aqui (Grumari), e quando é lay day, a gente fica longe de tudo. O swell deverá chegar no sábado e vai ser muito bom para o campeonato - contou Alex Ribeiro.
Ondas de Grumari, como está em treino de Gabriel Medina, não empolgaram os surfistas
(Foto: Daniel Smorigo/WSL)
Outro fator importante para a mudança de praia foi uma questão
comercial. Os mais de dez patrocinadores ou apoiadores do Rio Pro terão
uma visibilidade muito maior no Postinho, por conta da previsão de
enorme público no fim de semana e também pela instalação de estandes das
marcas nas areias da Barra. Questionado sobre o assunto, Renato Hickel,
brasileiro que é um dos comissários da WSL, negou que tenha existido
algum tipo de pressão e disse que o determinante foi a qualidade da
onda.- A mudança ocorreu única e exclusivamente pela qualidade de onda. Essa mudança é baseada na previsão que a gente tem nas mãos para o sábado. A gente já sabe que na sexta-feira não haverá condição de realizar o campeonato, nem em Grumari, e nem no Postinho. Os comissários não sofrem nenhuma pressão de patrocinador, do pessoal de marketing, porque vai ter mais público, e nem pensa se a nossa loja vai vender mais. O que conta é qualidade de onda - comentou Hickel.
Apesar da satisfação dos surfistas e do público, ainda existe a possibilidade de o Rio Pro voltar a acontecer no mar de Grumari até o fim da janela (dia 21). Segundo o dirigente, o pico não decepcionou a WSL, que esperava ótimas ondas no local.
- O fato real é que a gente voltará para Grumari, se o Postinho não apresentar boas condições a partir do grande swell esperado para quarta-feira em diante. Grumari não decepcionou. Nós realizamos quatro rounds do feminino e um round do masculino. Obviamente ele não apresentou a qualidade de onda que tem potencial, mas é o que se espera de um beach break (fundo de areia). A gente não estava esperando nem mais e nem menos - explicou Renato.
Cinco brasileiros já estão na terceira fase, pois venceram suas baterias da primeira fase, na terça. São eles: Filipe Toledo, Italo Ferreira, Alejo Muniz, Lucas Silveira e Marco Fernandez.
Dificuldade de acesso fez com que público fosse pequeno nos dia do Rio Pro, em Grumari
(Foto: Divulgação/WSL)
Grumari ainda poderá voltar a receber o Rio Pro, caso a previsão de ondas seja passe a ser
muito que para o Postinho
(Foto: Daniel Smorigo/WSL)
(Foto: Daniel Smorigo/WSL)
Resultados da primeira fase
2: Gabriel Medina (BRA) 11.80, Stuart Kennedy (AUS) 12.93, Leonardo Fioravanti (ITA) 14.30
3: Julian Wilson (AUS) 9.24, Davey Cathels (AUS) 12.00,Deivid Silva (BRA) 7.43
4: Italo Ferreira (BRA) 16.50, Miguel Pupo (BRA) 10.86, Bino Lopes (BRA) 8.66
5: Matt Wilkinson (AUS) 8.73, Jadson André (BRA) 11.57, Marco Fernandez (BRA) 13.43
6: Adriano de Souza (BRA) 13.80, Keanu Asing (HAV) 13.74, Lucas Silveira (BRA)
7: Nat Young (EUA) 15.04, Michel Bourez (TAH) 9.37, Alex Ribeiro (BRA) 5.83
8: Jordy Smith (AFR) 12.37, Conner Coffin (EUA) 10.83, Jack Freestone (AUS) 10.70
9: Jeremy Flores (FRA) 15.13, Josh Kerr (AUS) 15.04, Adam Melling (AUS) 15.23
10: Kolohe Andino (EUA) 7.67, Wiggolly Dantas (BRA) 13.44, Ryan Callinan (AUS) 15.53
11: Sebastian Zietz (HAV) 12.77, Adrian Buchan (AUS) 13.46, Alejo Muniz (BRA) 13.50
12: Caio Ibelli (BRA) 10.84, John John Florence (HAV) 11.34, Matt Banting (AUS) 6.34
baterias da segunda fase
2: Matt Wilkinson (AUS) x Deivid Silva (BRA)
3: Julian Wilson (AUS) x Dusty Payne (HAV)
4: Gabriel Medina (BRA) x Alex Ribeiro (BRA)
5: Jeremy Flores (FRA) x Jack Freestone (AUS)
6: Kolohe Andino (EUA) x Matt Banting (AUS)
7: Sebastian Zietz (HAV) x Keanu Asing (HAV)
8: Caio Ibelli (BRA) x Jadson André (BRA)
9: Wiggolly Dantas (BRA) x Miguel Pupo (BRA)
10: Josh Kerr (AUS) x Davey Cathels (AUS)
11: Conner Coffin (EUA) x Stuart Kennedy (AUS)
12: Michel Bourez (TAI) x Kanoa Igarashi (EUA)
Fonte: http://globoesporte.globo.com.br
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