terça-feira, 27 de setembro de 2016

Alto custo "freia" snowboard brasileiro

Das viagens internacionais, passando por equipamentos obrigatórios e tickets em estações de ski, atletas precisam investir alto para se desenvolver no esporte 

 

Isabel Clark - equipamento completo snowboard (Foto: Thierry Gozzer)Isabel com os equipamentos: bota, prancha, calça, casaco, luvas, capacete... (Foto: Thierry Gozzer)
 
Formar um atleta de snowboard no Brasil é caro e tarefa ingrata. Não bastasse a falta de neve no país, o que faz com que os praticantes precisem viajar longas distâncias para treinar, é preciso investir alto em equipamentos para a prática do esporte. Bota, jaqueta, óculos, prancha, calça, luvas e capacete são itens obrigatórios e podem custar até R$ 3 mil. Gestora do esporte em solo nacional, a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) trabalha com a possibilidade de migrar atletas para a neve, mas aumentar a base de praticantes não é fácil por conta dos altos custos financeiros que no início precisam ser arcados pelos próprios atletas, quase todos sem patrocínio.

- Temos consciência que o snowboard nunca será um esporte de massa. Um vôlei, um futebol. Queremos estruturar para que um número mínimo de pessoas possam fazer a modalidade. E que daquele número, que para nós seria uma base mais larga, possamos detectar os talentos e designar para o alto rendimento. No snowboard big air, que é acrobático, se tivermos dez meninas entre 10 e 14 anos, estaria um número bom e parelho com federações que têm resultados diferenciados. E de 20 a 50 meninos seria o ideal - explica o CEO da CBDN, Pedro Cavazzoni, lembrando que a entidade estuda com atenção os atletas do sandboard, de mesma base e praticado nas areias.

Uma prancha de snowboard para iniciantes custa até R$ 1 mil. É preciso ainda comprar o blind, que fixa os pés no equipamento e custa R$ 300. A bota sai por R$ 500. As luvas têm o preço médio de R$ 100, os óculos R$ 200, capacete por R$ 100, calça e jaqueta por R$ 600. Além dos custos obrigatórios, é preciso viajar para fora do país.  A América do Sul é o caminho mais em conta no começo. Assim, atletas que praticam modalidades com base similar, como o surfe e o skate, precisam investir pesado.

Snowboard - capacete e óculos equipamento alto custo (Foto: Thierry Gozzer)Capacete e óculos são equipamentos de alto custo e necessários para o snowboard (Foto: Thierry Gozzer)

- Além de ter que fazer a viagem, você precisa ter o equipamento. Para quem for fazer a primeira vez, o ideal é alugar os equipamentos. Prancha, bota, tudo você aluga. Você pode comprar materiais usados, o que é algo novo e bem legal, onde gasta-se menos. Não é barato, mas vale muito a pena - explica Anderson Dias, de 41 anos, e que disputou o Brasileiro na categoria Master A.

A maioria dos atletas brasileiros opta por viajar primeiro para Chile e Argentina. O real ainda é valorizado com relação às moedas locais e o deslocamento aéreo é mais em conta. Contudo, em algumas situações, dependendo da companhia aérea é preciso pagar o excesso de bagagem, já que na América do Sul o viajante só pode levar 23kg. Os Estados Unidos aparecem como segunda opção, seguido pela Europa. Quem escolhe alugar os equipamentos precisa arcar com custos de 50 dólares/dia (R$ 180) em média para os itens obrigatórios.

Estação de ski segue aberta enquanto a competição é realizada em área separada (Foto: Thierry Gozzer)Atletas precisam pegar os lifts para subir a montanha nas estações (Foto: Thierry Gozzer)
 
Além disso, para subir a montanha é preciso fazer outro investimento. Os chamados "lifts". São os teleféricos ou modais que levam ao topo, de onde os snowboarders descem. Um dia de lift em uma estação concorrida pode custar até 120 dólares, como explica Pedro Mota, vice-campeão brasileiro no Master A, em Corralco, no Chile.

- Se vier para a América do Sul, você consegue ficar uma semana gastando de R$ 4 mil a R$ 6 mil. Você consegue hotéis mais baratos, mas os passes para subir a montanha custam de 50 a 120 dólares e acaba onerando. Se você tiver experiência, consegue ir para a Europa com preço melhor. Na Europa a concorrência é maior, existem mais pistas, estações, e aí mesmo sendo mais longe acaba ficando mais barato - explica Pedro Mota, que pratica o snowboard desde 1997.
A próxima Olimpíada de Inverno acontece em Pyeongchang, na Coreia do Sul, entre os dias 9 e 25 de fevereiro. O Brasil nunca teve um snowboarder na disputa masculina. No feminino, Isabel Clark está entre as 20 melhores do mundo no snowboard cross e disputou três Jogos Olímpicos. Ela começou em Corralco a corrida olímpica para 2018.
Fonte: http://globoesporte.globo.com.br

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